- Quem é você?
- Eu sou você.
-Não, não é.
-Sou, sim. Não me reconhece? Ou melhor, não se reconhece?
-Não. Quem é você?
-Claro que você não me reconhece.
-Por que não reconheceria se você alega ser eu?
-Porque só Narciso se reconhece.
-Mesmo que você seja eu, não reconheço essa parte minha.
-Claro que não. Já conheceu alguém que esteja contente com seu próprio reflexo?
-Narciso.
-E veja como ele acabou...
-De qualquer jeito, que parte de mim é você?
-A mais verdadeira. Aquela que você tenta esconder de todos- até de você mesmo. Mas também é a parte que mais aparece.
-E essas marcas em meu rosto? Estou tão velho!
-Ora, não se faça de tolo. Elas são o que você mais gosta em você mesmo, pois mostram tudo aquilo que você já viveu. Você deveria se preocupar mesmo era com as marcas em sua alma.
-Ora, você é apenas um espelho. Não reflete as feridas que trago na minha alma, logo as pessoas não veem o que trago dentro de mim.
-Não seja tão idiota, essas são as mais claras de se ver. Pois foram elas que definiram a pessoa que vocÊ é hoje. E todos sabem disso.
Ouve-se o som de vidro sendo quebrado e vê-se sangue pingando no piso branco.
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desvio de personalidade modo on
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