domingo, 21 de novembro de 2010

Dúvida Sadomasoquista

Dúvida Cruel: por que mesmo sabendo que algo nos faz mal continuamos a fazê-lo?



Origem da Dúvida: Estou eu quieto em casa sozinho, cheio de livros e revistas para ler, filmes e seriados para ver, horas para dormir, cds para ouvir e etc mas ao invés de permanecer em meu conforto prefiro sair de casa e cair na boca do lobo, explico: eu sou o que se pode chamar de "ovelha negra" da família pois meus gostos destoam do que os outros projetam como "normal" e por causa disso sempre recebo olhares tortos quando estamos em uma discussão e eu exponho meu ponto-de-vista, por isso tudo não me sinto à vontade em estar com o resto de minha família- que diga-se de passagem é enorme e quando se junta é um pandemônio só...- mas de vez em quando faço o esforço supremo e vou aos encontros dominicais familiares. No caminho até lá vou imaginando que daquela vez tudo vai ser diferente e vamos todos ter um dia maravilhoso e pacifico juntos, respeitando e sendo respeitado, ouvindo e sendo ouvido e blah blah blah; mas ao chegar e começar a conversar as diferenças logo começam a aparecer e eu me sinto sendo excluído e repreendido por todos o tempo todo: "Menino não critique tanto", "Menino não ouça isso", "Menino não veja aquilo", "Menino goste disso", "Esse menino não pode ser normal" e por aí vai. E lá no final do dia eu acabo detonado e encolhido num canto enquanto todos se divertem vendo Faustão, Eliana ou Ana Hickman, e eu coninuo me perguntando o motivo de me fazer passar por isso tudo quando eu já sei onde vai dar.

sábado, 20 de novembro de 2010

Como Coelho...

"Os muito sem noção que me perdoem, mas o mínimo de auto-crítica é fundamental."

O Ricardão

Pra Raimunda tem tapinha na bunda,
pra Renata o tapinha é na cara,
mas pra você Roberta a mãozinha vai na ...

A vizinha tá toda molhadinha pedindo outro tapinha,
o maridão chega já da rua e vai ter confusão,
mas eu sou Ricardão e fogo eu não nego, não.

Eu traçando a mulherada,me esqueçi de cuidar de casa
Quando entro no quarto vejo a mulher de quatro.
Sem saber o que fazer, só ouvia a danada gemer
Foi aí que senti ar minha gaia crescer.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Oh, Criador

Enquanto os pássaros cantavam nas árvores, as crianças voltavam das escolas, carros e motos passavam apressados embaixo de sua janela ele apenas vislumbrava os passos que o haviam levado até ali; como era fácil se deixar levar por gestos passionais e inconsequentes, mas tampouco era difícil fazer se passar por duro e racional quando lhe coubesse. Ele havia vivido uma vida inteira de mentiras e fingimentos, pronunciava palavras como se elas realmente significassem algo além de representações limitadas - e limitantes -, distribuia carinhos com a mesma capacidade com que destilava seu veneno sobre aqueles que insistiam em cruzar seu caminho. Levava uma vida pública decente e satisfatória ao mesmo tempo em que na sua privacidade cometia os mais sórdidos pecados contra si mesmo e aqueles que jurava amar.

Enquanto o Sol se posicionava no ponto mais alto do céu, os vizinhos se ocupavam de sua tarefas corriqueiras, o rádio tocava a mesma música pela décima vez na mesma manhã ele continuava a dar prosseguimento a sua existência translúcida até que não mais se fizesse necessário.

domingo, 10 de outubro de 2010

Os Tais Casais

Porque ela é uma linda,
porque ele é uma lenda,
porque eles são uma dupla fantástica.

Porque eu era imperfeito,
porque você era incompleto,
porque nós somos eternos.


sábado, 14 de agosto de 2010

Porque Aceitamos Trocas

Amiga da familia:

- E aí, cadê a namorada?

Eu:

- Namorada? Eu hein...

... Horas depois:

Amiga da familia:

- Me empresta seu celular pra eu fazer uma ligação?

Eu:

- Toma, pode usar.

Ela abre o celular e vê a foto de um homem (meu namorado) na tela, olha pra mim, eu olho pra ela e ficamos nos encarando. Ela desiste e faz a ligação dela, na hora de devolver o celular solta:

- Muito obrigada, quando você casar a mulher é sua mas se não quiser pode dar pro seu irmão.

Eu:

- Acho que é isso mesmo...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Diferenças...

Eu:

- Não mexa no meu cabelo, não gosto disso!

Ele:

- Não tô mexendo, vou fazer carinho...

Eu:

- Você vai acabar bagunçando meu cabelo, não tope nele!

Ele:

- E qual é a diferença entre seu cabelo penteado e bagunçado?

Eu:

- O seu olho roxo...

sábado, 31 de julho de 2010

Vertebrae By Vertebrae

- !!!: É tão errado assim desejar o que pertence a outro?

- ???: Dizem que sim, principalmente se esse outro é seu amigo.

- !!!: Mas o objeto de desejo me pertenceu antes e eu o quero de volta.

- ???: Existe muito mais coisas em jogo do que apenas a sua vontade.

- !!!: Você sempre soube que eu sou egoísta e nada me importa além de mim mesmo.

- ???: Ainda bem que o resto de nós tem um pouco mais de percepção do que se passa ao redor.

- !!!: Então você nega que ainda me ama? Nega todas as vezes que jurou que me amava?

- ???: Não nego que te amei antes, mas hoje em dia não te amo mais. E isso é tudo o que posso te dizer.

- !!!: Então para sempre guardarei uma ponta de esperança de que um dia poderá voltar a me amar. Fuja comigo.

- ???: Quem sabe um dia...

E com um riso de canto de boca, que deixava bem clara sua satisfação em saber que ainda tinha total controle sobre ele, ela saiu da sala para dizer "sim" a um homem que não amava.

sábado, 10 de julho de 2010

O Começo, O Meio E O Fim

Houve um tempo em que o sexo era casual, mas nem por isso ele se sentia mais vazio.

Houve um tempo em que ele andava sozinho, mas nem por isso ele era mais solitário.

Houve um tempo em que o dinheiro era mais curto, mas nem por isso ele se divertia menos.

Houve um tempo em que o contato humano era mais raro, mas nem por isso ele era um sociopata.

Houve um tempo em que ele chorava quase todo dia, mas nem por isso ele era mais triste.

Mas esse tempo passou e, hoje em dia, ele se ajustou um pouco mais ao sistema social e fez as coisas segundo a cartilha manda: deixou as pessoas o conhecerem melhor, permitiu que os amores fossem mais extensos, abriu espaço para que o imprevisto pudesse desempenhar um papel maior em sua vida, falou mais abertamente sobre os seus sentimentos.

E por um espaço de tempo, que nem ele mesmo sabe ao certo se foi longo ou curto, uma outra vida parecia ser possível e até mesmo um novo "eu" era possível; e então ele achou que aquilo fosse a tal felicidade da qual todos falam com tanto entusiasmo e tanta saudade, como se fosse algo que todos já experimentaram mas estavam fadados a perder no decorrer de seu caminho. Diante de tal cenário ele vislumbrou um futuro mais estável e promissor no qual todos os seus antigos hábitos seriam apenas lembranças de um tempo em que ele ainda não estava preparado para tais sentimentos sublimes.

O que ele não sabia é que, igual a todas aquelas pessoas que pareciam ter perdido a felicidade um dia sentida, ele também não seria capaz de manter tal nível de alegria e positividade para sempre e então seu dia de abandono chegou; e para ele tudo foi mais difícil já que ele realmente havia se apegado aquele novo estilo de vida, e todas as suas novas certeza foram questionadas, tal qual as antigas eram constantemente postas em um microscópio para análise, e ele mais uma vez teve que aprender que nada é para sempre e tudo o que se tem são os momentos dos quais o "agora" é feito.

Então a partir daquele dia ele passou a viver da melhor forma que alguém realmente pode viver: aceitando as coisas ao passo que elas lhe são apresentadas e sem aquela antiga sensação de que cada reviravolta que sua vida dá é um passo mais próximo do fim, e sim que elas representam um possível novo começo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Simplesmente Feliz

Pra não deixar o blog morrer de vez e ainda dar uma palhinha de como anda a minha vida fica o vídeo abaixo:






P.S: especial pro meu "brodão" hehehe

domingo, 18 de abril de 2010

Preenchendo Vazios

Ele viveu toda a sua vida com esse buraco, um buraco que era preenchido com tudo aquilo que ele não conseguia falar sobre as coisas que ele passava, quer queira fossem boas ou não. Ele não conseguia falar por não achar que valesse a pena deixar as pessoas saberem o que se passava com ele, ele não se achava tão relevante a ponto de achar que o outro fosse ter interesse no que acontecia em sua vida, ele não achava sua própria vida tão interessante.

Suas escolhas eram sempre seguidas por uma dúvida a respeito do caminho escolhido para fazer as coisas e, por mais que ele tentasse se convencer de que havia escolhido determinado caminho, sempre ficava com a sensação de jamais ter feito a escolha correta, a mais apropriada ou a mais satisfatória; ele se sentia perdido e sozinho demais para pesar possibilidades e tomar decisões por conta própria e é por isso que ele se mantinha calado e recluso em relação às suas experiências. E assim o vazio dentro dele ia sendo preenchido com tudo aquilo que ficava a ser dito ou feito, e isso o afastava ainda mais do contato humano com aqueles que lhe eram caros.

Sua infância foi dolorosa demais para que ele pudesse falar dela agora abertamente, haviam traumas demais, feridas abertas demais, assuntos inacabados demais para que ele fosse capaz de olhar para trás e perceber as coisas que o levaram até onde se encontrava naquele ponto com clareza. Ele sabia que suas relações eram moldadas pelos conceitos que lhe foram passados enquanto era apenas uma criança; e por mais que hoje em dia ele fosse capaz de superar alguns desses conceitos e ir contra eles, ele jamais foi capaz de realmente deixá-los no passado e começar uma nova forma de se relacionar.

Ele não sabia mais que direção seguir, os caminhos longos e cheios de percalços não pareciam valer a pena, os atalhos e suas facilidades não pareciam fazer tanto sentido e as encruzilhadas sempre pareciam dar em um fim inesperado. Por tudo isso ele se encontrava em sua atual posição desconfortável e conturbada, por isso também ele resolveu que não era mais válido seguir uma vida cheia de interrogações e reticências; e então do alto daquele prédio comercial ele resolveu encerrar uma existência insignificante e destoante.

E foi assim que seu vazio foi preenchido.

domingo, 11 de abril de 2010

Divagações

Quem pode prometer amor eterno, quando tudo o que se tem é o agora?

Pode fazer todo o sentido do mundo quando se está com alguém e você se imagina ao lado dessa pessoa pelo resto de sua vida e os sentimentos que você sente por ela parecem querer sair de dentro de você para explodir em uma demostração inesgotável de afeto, mas quem pode garantir que amanhã você não vai acordar e desconhecer por completo aquele que na noite anterior parecia o ser que lhe completava de corpo e alma?

Quem é tão dono de si para afirmar categoricamente que é capaz de passar a vida inteira ao lado de uma só pessoa e não sentir o minimo de dúvida a respeito do que a vida lá fora poderia ter lhe reservado se você estivesse mais aberto ao desconhecido?

E estando com o amor de sua vida, como saber com certeza que o seu empenho em manter a relação é algo espontâneo e verdadeiro, ao invés de uma tentativa deseperada de não terminar seus dias sozinho em uma cama grande e vazia, só porque você chegou a uma certa idade na qual estar sozinho significa que você fez as escolhas erradas quando teve suas chances?

Por pensar em tudo isso hoje em dia questiono se o meu amor por você é mesmo tudo isso que jurei um dia, e se devo ignorar meus instintos que por ora me dizem para me manter afastado de você e seguir me vida, ou devo reatar os nossos laços e mais uma vez dar uma chance a alguém que já não parece mais tão válido assim- especialmente depois daquela cena ridicula que protagonizamos na última quinta-feira.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Como Faz?

O que fazer quando todas as suas lágrimas parecem ter sido derramadas e apenas uma desconfortável aridez restou em seus olhos?

O que fazer quando livros, músicas e filmes não são mais percebidos como a expressão de tudo aquilo que você sentia e não conseguia colocar para fora?

O que fazer quando suas relações sociais perderam todo o sentido e você só deseja permanecer isolado do resto da humanidade e torcer para que todos se esqueçam que você algum dia já existiu?

O que fazer quando o ar que você respira não parece mais ser suficiente para te manter vivo?

O que fazer quando todas as suas verdades mais absolutas são questionadas pelas dúvidas mais básicas?

O que fazer quando nada mais faz sentido?

sexta-feira, 12 de março de 2010

Plásticas Sentimentais

Era uma terça-feira quando ela finalmente recebeu alta do cirurgião plástico que a acompanhava e pôde ser posta à prova pelo julgamento alheio. Ela então resolveu ir ao seu bar predileto, onde era facilmente reconhecida; ao chegar lá percebeu logo de cara que os seguranças não a haviam reconhecido, muito menos o rapaz do bar nem as garçonetes- mesmo que ela tenha feito o pedido habitual: uma cerveja e um pastel de camarão. O fato de ter passado despercebida a agradou bastante, pois deixava claro que estava bastante mudada. O mesmo aconteceu quando voltou a sua rotina de ir a feira, ao supermercado e passeios na praça perto de sua casa.

No começo da semana seguinte ela ainda era essa nova mulher e saiu em busca de um novo emprego através dos anúncios presentes nos classificados do jornal que pegara na casa da vizinha. No outro dia começou sua jornada por uma vaga que pudesse servir para ela, mas logo viu que não seria das tarefas mais fáceis visto que não tinha nem o ensino médio completo nem um curso técnico que pareciam fazer toda a a diferença na hora da contratação. Depois de 3 semanas procurando empregos sem sucesso algum ela decidiu que voltaria a sala de aula e terminaria seus estudos, e assim o fez.

Com muito sacrificio se matriculou no turno da noite em uma escola pública da vizinhança, preferiu deixar a manhã e a tarde desocupadas para o caso de aparecer um trabalho. Passados 4 meses de aulas e com um boletim que deixava muito a desejar ela não parecia mais tão disposta a continuar naquela rotina por outros 2 anos e meio, ela sabia que aquilo tudo não fazia sentido em sua cabeça: fatos históricos, números compostos e fracionados, localizações geográficas e literatura nada disso parecia ter uma organização lógica para serem armazenadas em sua cabeça. Durante as férias de meio de ano ela decidiu que não mais voltaria a pisar naquele- ou em qualquer outro- colégio.

A época dos festejos juninos era a mais esperada do ano por ela. Todas aquelas cores e aqueles sabores alegravam seu coração nas noites chuvosas de começo de inverno, o barulho dos fogos sendo lançados e o cheiro da pólvora queimada faziam com que se sentisse protegida de toda a violência do mundo. E a música que proporcionava uma dança na qual dois corpos pareciam ser capazes de existir ao mesmo tempo no mesmo espaço- contrariando todas as regras que havia aprendido na escola- num ritmo quase frenético que mexe com corpo e alma. Foi num desses shows de forró que ela conheceu aquele que parecia ser o homem perfeito para sua vida: empregado, de boa familia, carinhoso; eles logo se envolveram e ela passou a imaginar um futuro brilhante ao lado dele. Até que um belo dia- depois que a temporada de festejos juninos acabou- ele sumiu, e ela ficou sabendo por um conhecido que ele havia casado com uma namorada de longa data. Isso partiu seu coração de um jeito que ela jamais achou que fosse acontecer de novo desde que o pai de sua filha a deixou.

Foi quando ela começou a experimentar antigos sentimentos que ela havia julgado ter deixado para trás junto com sua antiga aparência. O desejo de não mais viver, os sentimentos de insuficiência, incapacidade, sempre estar aquém do seu potencial, de suas expectativas; ela então começou a perceber que não adiantaria muita coisa ela ir a programas de auditório, contar sua triste história de vida, ter seus atos julgados pela apresentadora, por sua familia e pela plateia que não faziam ideia do que ela sentia para ganhar a tão sonhada plástica estética se suas feridas e marcas internas não recebessem o mesmo tratamento e a mesma atenção. Mas agora era tarde demais, ela sabia que não tinha mais forças pra iniciar uma nova batalha por auto-conhecimento- talvez ela mesma nem percebesse que deveria olhar um pouco mais para dentro e entender o que se passa lá para que alguma mudança significativa pudesse ser posta em prática.

E foi nesse momento que ela, vigiada pelas câmeras controladas pela prefeitura e ignorada por aqueles que a cercavam impassivos com o semblante alheio, se jogou na frente de um ônibus que vinha em alta velocidade; entrando assim para as estatisticas de acidentes envolvendo veiculos do transporte público.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Everything I Left Unsaid...

Eu estou morrendo por dentro com tudo o que ficou não-dito.
Ficou não-dito porque eu não consegui falar,
ficou não-dito porque você não tinha tempo.

Todas essa vontades, dúvidas, certezas se confrontando aqui dentro, em busca de uma brecha pela qual possam sair e serem realizadas por inteiro.

E esse auto-controle que as impede de achar seu caminho para fora e faz com que meu corpo fique pequeno demais para tantas emoções e tamanhos sentimentos.

Então eu acho que por mais algum tempo eu vou continuar preso aqui com tudo o que não foi dito.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Carta de Despedida

Querido amado,

estou escrevendo apenas para saber quando pretendes me abandonar. Isso mesmo, gostaria que me dissesse quando será de sua vontade me abandonar aqui nessa casa que já não me parece mais um lar, aqui onde nada mais faz sentido nem parece estar no lugar certo. Vejo em seus olhos que não me amas mais, então por que não parte de uma vez e me deixa aqui sozinho com tudo aquilo que não me é mais familiar? Talvez assim possa voltar a ser tudo o que não era antes de você existir, sim tudo o que eu NÃO era antes de você pois saibas que eu não era alegre, otimista nem vaidoso mas apesar de tudo isso eu era feliz!!! Sim eu era feliz com as minhas certezas e as minhas verdades, mas agora nada disso existe pois você me fez questionar cada certeza que eu tinha em minha vida e agora tudo o que me resta é o que você me deixou saber. Viu como sou uma pessoa patética agora que você chegou? tudo o que tenho foi aquilo que você me permitiu ter, o que você me ensinou a ser, e isso eu não quero mais. Portanto, faça suas malas e vá embora de uma vez, sem olhar para trás nem telefonar para saber como as coisas estão depois que você partiu; pois você ficará surpreso em saber que passo muito bem sem a sua presença ao meu redor, sem os seus braços para me acalentarem a noite quando tudo o mais tiver sido dito e feito.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

O Circo Singular

Ir ao circo era como voltar as origens pra ele, todas aquelas máscaras e maquiagem que impediam o espectador de ver como aqueles artistas realmente eram simbolizava exatamente o tipo de vida que ele levava.

Ele conseguia se relacionar com o falso sorriso pintado no rosto do palhaço que não deixava transparecer quão frustrado por se sentir preso naquela pequena comunidade mesmo passando por tantos lugares diferentes; ao mesmo tempo a pequena lágrima escorrendo pelo rosto do palhaço fazia com que ele lembrasse quantas vezes havia derramado lágrimas tão falsas quanto aquela que por ora enfeitava o rosto do palhaço.

Ele projetava no número de dança da bailarina as opções que ele teve que deixar pra trás enquanto crescia, cada acrobacia o lembrava de como era doído colocar a razão na frente da emoção cada vez que devia escolher entre seus sonhos e os caminhos que haviam sido pré-traçados para ele.

O mágico lhe fazia pensar no quanto sentia falta de espontaneidade em seu dia-a-dia, de como havia perdido a habilidade de sentir prazer nos pequenos prazeres que tanto apreciava enquanto crescia e quão artificial e previsível a sua vida tinha se tornado.

E assim ele vivia aquelas duas horas de espetáculo, através de cada artista que passava pelo picadeiro ele fantasiava sobre realidades alternativas para sua própria vida enquanto se deliciava com a delicadeza e as sutilezas em cada apresentação.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Aaah A Discrição...!!!

Depois de meia hora de conversa pequena e condescendente sobre assuntos datados e 3 interrogativas sobre como seus pais estão passando, outra meia hora de silêncio incômodo, bocejos e olhares envergonhados; finalmente ele vai ao ponto e com um olhar safado pergunta:

- E o coração, como anda?
Sem pestanejar você responde:
- Batendo... e lança um olhar de "que tipo de pergunta é essa?"
Ele fica sem resposta e apenas dá um sorriso sem graça e busca mudar de assunto...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Divagações

A preguiça entrou na minha vida, e parece que dessa vez veio pra ficar.

Eu fiz dela minha melhor amiga e dela não pretendo largar.

Então sabe-se lá quando por aqui eu vou postar...

wendedel

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Narciso

- Quem é você?

- Eu sou você.

-Não, não é.

-Sou, sim. Não me reconhece? Ou melhor, não se reconhece?

-Não. Quem é você?

-Claro que você não me reconhece.

-Por que não reconheceria se você alega ser eu?

-Porque só Narciso se reconhece.

-Mesmo que você seja eu, não reconheço essa parte minha.

-Claro que não. Já conheceu alguém que esteja contente com seu próprio reflexo?

-Narciso.

-E veja como ele acabou...

-De qualquer jeito, que parte de mim é você?

-A mais verdadeira. Aquela que você tenta esconder de todos- até de você mesmo. Mas também é a parte que mais aparece.

-E essas marcas em meu rosto? Estou tão velho!

-Ora, não se faça de tolo. Elas são o que você mais gosta em você mesmo, pois mostram tudo aquilo que você já viveu. Você deveria se preocupar mesmo era com as marcas em sua alma.

-Ora, você é apenas um espelho. Não reflete as feridas que trago na minha alma, logo as pessoas não veem o que trago dentro de mim.

-Não seja tão idiota, essas são as mais claras de se ver. Pois foram elas que definiram a pessoa que vocÊ é hoje. E todos sabem disso.

Ouve-se o som de vidro sendo quebrado e vê-se sangue pingando no piso branco.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Quiz da Semana

Eu sou amarelo de tanto evitar o Sol, tenho cabelo e barba loiros e uso camisas amarelas. Quem sou eu?

01) O erro da moda nº 15;

02) O cantor decadente de uma "grande" banda pop nacional da década de 80;

03) A versão brasileira do Joaquim Phoenix.

A votação se encerra na manhã da divulgação do resultado.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A Mudança

Certo dia ele decidiu que iria se retirar das discussões. Simples assim, resolveu se anular em favor de uma convivência mais amigável com aqueles que o cercavam.

A partir de então sempre que perguntado sobre um assunto preferia apenas repetir a opinião alheia a expôr seu verdadeiro ponto-de-vista. Se alguém pedisse para que fizesse uma abordagem pessoal sobre algum tema ele nunca saia da superficie do, pairando levemente por um determinado espaço de tempo até que achasse que tinha falado o suficiente.

E por algum tempo sua nova estratégia de convívio deu certo. Ele não estava mais o tempo todo em confronto direto com o outro, as pessoas passaram a aceitá-lo em seus círculos de amizade com mais facilidade, sua reputação mudou e agora ele era até encorajado a falar o que "pensava" sobre todos os assuntos que estavam sendo discutidos.

Mas então eis que ele mesmo começou a perceber que estava se tormando uma pessoa apática, distante e irreconhecível. Tudo o que ele sempre defendeu com tanta paixão tempos atrás parecia agora voltar para cobrar dele algum tipo de explicação pela mudança de atitude. E ele estava abatido demais para confrontar essas duas realidades tão diferentes: a defesa de suas próprias convicções contra a sensação de pertencimento que as "suas" novas ideias lhe permitia.

E por um longo tempo ele se anulou e conseguiu existir com essa dualidade dentro de si. Até que ele foi lentamente desaparecendo e as pessoas jamais perceberam pois ele agora era apenas mais um entre suas amizades e conhecidos e não era merecedor de tanta atenção quanto seria necessário para alguém notar que ele já não era mais aquela pessoa apaixonada e combativa de outrora.

E então ele simplesmente desvaneceu em uma nuvem de desilusões pessoais e esquecimento coletivo.

Meet Me Half Way

Quando não houver mais batalhas a lutar e eu estiver sozinho com minhas convicções
me encontre na esquina da Rua das Lembranças.

Quando ouvir dizer que todos os meus sonhos se tornarem apenas memórias de um tempo distante
me encontre no meio da Avenida dos Desesperados.

Quando souber que todos os outros me abandonaram e eu agora vivo nessa casa mal- acabada sozinho
me encontre na Alameda da Desilusão.

Quando me vir passar com um olhar perdido como se nada mais importasse
me encontre na Travessa Pequeno Principe.

Mas se acaso nunca tomares conhecimento de nada disso e mesmo assim quiseres me visitar moro na casa roxa, nº 06, bairro dos Recusados, na cidade da Solidão, país dos Esquecidos.

Estarei te esperando para tomarmos um café e colocarmos a conversa em dia, conversa dos tempos em que nosso amor parecia ser eterno e tudo se apresentava como possível. Por favor, só não me pergunte como vou agora que tudo acabou e estou sozinho com as recordações de um passado que insiste em não passar e ser esquecido.