terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Box Offices

Pessoalmente 2009 foi um ano bastante fraco no quesito cinema, poucos filmes- exatamente os 5 que entraram nessa lista- me deixaram com a sensação de que a sétima arte estava ali bem representada e continuaria ainda por muito tempo em boas mãos. Tive que fazer um grande exercicio mental pra conseguir lembrar de tudo o que vi desde fevereiro pra cá, e ainda acho que deixei algumas coisas de fora, bem... paciência. Disputando com diretores e atores consagrados esse ano tivemos algumas boas estreias, pessoas que prometem contribuir muito para manter o cinema relevante e inovador. Bem, sem mais delongas vamos a lista:

Anticristo - Lars Von Trier:

Lars Von Trier é desses diretores que veem o cinema como uma arte que é, por excelência, inquieta e revolucionária. Ele sempre nos mostra algo novo em suas produções, seja propondo uma nova forma de utilizar os recursos técnicos ou simplesmente mexendo com nossos limites do considerado aceitável. O filme em questão traz uma história carregada de sofrimento depois que o casal principal perde o filho em um acidente em casa, o pai tenta fazer com que a sua mulher encare de frente e sem paliativos a dor da perda mas com o tempo essa ideia acaba se mostrando não muito boa e eles passam por um verdadeiro inferno isolados em uma cabana no meio de uma floresta totalmente alegórica.

9 A Salvação - Shane Acker:

Esqueçam Avatar, a melhor metáfora para o que está acontecendo hoje em dia no mundo, em todos os sentidos, está representada nessa animação que passou relativamente batida pelos cinemas- se não fosse pelo nome de Tim Burton nos créditos de produtor duvido que seria lançada nos cinemas. No filme um boneco ganha vida misteriosamente e se vê em uma senário apocalíptico no qual os humanos não mais existem e a cidade, ou o que restou dela, é vigiada por estranhas criaturas. O que mais chama a atenção aqui foi a sensibilidade dos roteiristas para capturar as mais diferentes caracteristicas humanas e colocá-las habilmente em seus personagens, ao contrário de sr. Cameron e seus esteriótipos e clichês. Com um final filosófico essa animação mostra que esse campo definitivamente não está mais voltado apenas para o entretenimento infantil.

Distrito 9 - Neil Blomkamp:

Quando alguém imaginaria que em um conflito entre humanos e extra-terrestres seríamos retratados como os vilões? Pois é exatamente isso que acontece em Distrito 9. Há 20 anos atrás uma nave alienigena "estacionou" no céu da África do Sul e deixou a população mundial perplexa por não saber o motivo daquele evento, logo os humanos marginalizam os alienígenas enquanto buscam uma forma de expulsá-los de vez do planeta. O filme se sai muito bem no retrato que faz da marginalização por parte de "maiorias superiores" e mais ainda em mostrar como nossos destinos são comandados muitas vezes por aqueles que estão mais despreparados para tal tarefa.

Dúvida - John Patrick Shanley

O ano estava só começando e dava sinais de que seria bom pro cinema, ah ilusão de começo de ano!!!, muito, pra mim pelo menos, por causa desse filme em particular. Reunir atores de talento, Meryl Streep e Phillip Seymour Hoffman, num filme com tema polêmico, abuso de crianças por parte de padres, sob a direção de um ótimo contador de histórias, John Patrick Shanley- ver Live from Baghdad - é minha fórmula para um filme de sucesso e conteúdo; e não foi pra menos. Na história o personagem de Hoffman é suspeito de abusar sexualmente de um menino, e Meryl faz de sua cruzada pessoal provar que a acusação procede e com isso afastar o padre da sua atual paróquia; mas em sua defesa Hoffman conta com uma grande aceitação e carinho por parte tanto da própria Igreja quanto dos fiéis da paróquia. O filme nos proporciona cenas memoráveis como a da discussão entre os personagens de Meryl e Hoffman na sala dela, e a conversa reveladora de Meryl com a mãe do menino em questão; e encontra seu desfecho no momento mais apropriado possível.

O Equilibrista - James Marsh

Assistir a esse documentário provoca uma reflexão sobre a influência das Torres Gêmeas no imaginário e na História do século 20, ainda mais sendo ilustrada na figura de alguém que morava na França e ficou deslumbrado com a possiblidade de atravessá-las ainda quando elas eram apenas projeções nos jornais. Philippe Petit é dessas pessoas de espirito livre que vivem de e para seus sonhos, e um deles era andar de uma torre a outra do World Trade Center , para tanto ele escalou uma equipe de amigos que o ajudou a elaborar todo o plano para a ralização de seu intento. É delicioso ver como a história é contada por aqueles que a fizeram e como, olhando para trás, eles parecem não acreditar no que fizeram e até rechacar aquele que os juntou para tal feito.

Sinto muito em não poder incluir na lista ao menos uma obra brasileira, mas as que tive a oportunidade de assistir esse ano mostram que há muito a ser feito ainda por aqui.

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